A Criança Interior e o Natal

"O Natal é para as crianças e para a família” é o que se ouve mais nesta época natalícia. Esta é também a época em que, de um modo geral, olhamos mais para os outros (ou pelos menos nos convidam mais a fazê-lo) e para as suas necessidades. Esta época tão especial sensibiliza-nos mais para as questões de dar, de apoiar, de ajudar. Não significa que aconteça menos noutras alturas do ano. Simplesmente  agora é mais reforçado e visível. A generosidade e a solidariedade são salutares e benéficas para a saúde mental.

Assim como é importante olhar para os outros,  também é fundamental abrirmos os nossos olhos internos e sermos generosos e solidários connosco próprios. Afinal de contas, somos a nossa companhia permanente a cada dia que passa. No “corre-corre” do dia-a-dia não temos tempo para nos observarmos e conversarmos connosco, vermos o que necessitamos e darmo-nos o que nos faz falta.

Até ao Natal o ritmo é alucinante, mas eis que chega o momento de desfrutar da família no conforto do lar, de dar um momento especial às nossas crianças e aos que nos são mais próximos o carinho e o convívio tão necessários. Chega também o momento de parar. E aqui, muitas vezes viajamos no tempo até à nossa infância. Muitas vezes recheada de amor. Muitas vezes recheada de tristeza. Muitas vezes recheada de desafios grandes demais para uma pequena criança. E vamos crescendo com as cicatrizes da vida. Algumas bem cicatrizadas, outras ainda em cicatrização. De uma forma ou de outra, vamos (sobre)vivendo. E dentro de nós pode estar bem presente aquela criança amada, mas também podemos encontrar a criança magoada que pode ser rebelde, triste, zangada, doente, perfeita… E aquilo que funcionou estrategicamente na infância para nos ajudar a lidar com as situações mais difíceis, torna-se o desafio ou o problema na vida adulta.

Por isso, dê à sua criança interior tudo o que ela necessita: atenção, escuta activa, colo, brincadeira e, acima de tudo, muito amor incondicional. Para isso, simplesmente basta parar, conversar com a sua criança interior, ouvi-la atentamente, sem julgamentos, dizer-lhe que a ama muito e depois pode convidá-la a descansar, já não precisa de vigiar o mundo dos adultos. Pode voltar a ser criança. Acima de tudo, ame-se e muito, neste Natal e todos os dias sua vida.

Lília Andrade
Psicóloga e Hipnoterapeuta

Directora Técnica no maisHipnose – Espaço Psicoterapêutico.
In Revista de Natal 2015, jornal MaiaHoje e na edição nº383, de 4/12/2015 do MaiaHoje

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Desenvolvimento Pessoal, o Universo do Ser Humano

Por um mundo igual

PNL com foco Terapêutico