Empatia - A essência para o desenvolvimento humano (parte 2/2)

A empatia pode ser analisada em dois prismas: a cognitiva e a emocional. A empatia cognitiva relaciona-se com a capacidade de compreendermos a perspetiva psicológica do outro, ou seja, compreendermos ‘o que ele pensa’, ‘como ele pensa’ e ‘como age’ de acordo com o seu mapa mental; enquanto que a empatia emocional está intimamente ligada à habilidade de vivenciarmos as emoções que observamos diretamente nos outros ou que nos chegam através do relato de informações. 

Em forma de exemplo, quando temos conhecimento de situações críticas, como acidentes, mesmo não conhecendo pessoalmente os intervenientes, conseguimos identificar-nos e sentir toda a dor associada à ocorrência. Assim como quando nos chega uma excelente notícia também nos alegramos e sentimos entusiasmo, mesmo sem estarmos diretamente imbuídos nessa realidade.

É esta habilidade empática, de ‘viver’ na nossa realidade interna o que o que o outro está a viver, que nos permite sentir mais próximos, comunicar de modo efetivo e estar em contacto salutar com os outros.

A empatia revela-se capaz de reduzir situações de conflito e de promover um sentimento de pertença aos diferentes grupos nos quais estamos inseridos, pois, se estamos disponíveis para nos colocar no lugar do outro e essa atmosfera é recíproca, aumenta a sensação de segurança, respeito e identificação com os valores existenciais mais estruturantes. Antagonicamente, existem evidências científicas de que os psicopatas não têm esta capacidade desenvolvida. As suas ações não revelam qualquer traço de arrependimento, pela pura incapacidade de se identificarem com o sofrimento externo a si mesmos.

Em forma de conclusão, qualquer que seja o contexto, a empatia torna-se indissociável da inteligência emocional, apresentando-se como uma alavanca do desenvolvimento humano integrado. Pela empatia somos capazes de desenvolver autoconhecimento, auto-estima, inteligência emocional, melhorar a forma de nos relacionarmos e de comunicarmos connosco e com os outros. 

Tendo em consideração as diferentes dimensões da nossa vida (pessoal, familiar, relacional, profissional, de lazer, social,…), podemos admitir que esta está na base de todas as realizações satisfatórias, promovendo sensação de bem estar e alegria, pelo simples processo de identificação e compreensão (cognitiva e emocional) que nos conduz à vontade genuína de ajudar. A empatia como essência para o desenvolvimento humano, pela disponibilidade pessoal de assumirmos que o outro é um ser único, especial e em constante aprendizagem, tal como cada um e cada uma de nós. É, sobretudo, Ser e Estar com e para o Outro.

Então, da próxima vez que estiver em interação com alguém lembre-se:
“Como é que eu seria se estivesse a pensar, a sentir e a fazer exatamente o que o outro está a pensar, a sentir e a fazer neste preciso momento?”

Helga Gonçalves
Psicóloga, Coach e Facilitadora de Cura Reconectiva

Recorde a primeira parte deste tema aqui


Bibliografia: Rogers, Carl (1974). A terapia centrada no paciente. Lisboa: Moraes Editores; tradução Manuel do Carmo Ferreira.

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