Igualdades Desiguais
Ser mulher e ser homem nos dias de hoje constitui ainda uma realidade sujeita a debates bem polémicos. Muito se fala e se especula sobre Igualdade de Género, quando efetivamente se verifica que a própria compreensão da temática se encontra enviesada na sociedade.
Em primeiro lugar parece-me fundamental clarificar que quando se fala em Igualdade de Género não se pretende anular as diferenças entre os sexos (na sua dimensão biológica), e sim garantir que tanto homens como mulheres possam ter as mesmas oportunidades de acesso aos mais variados níveis sem serem limitad@s por visões estereotipadas acerca do que devem Ser e fazer. Prende-se sobretudo com a ausência de assimetrias no exercício de direitos e de responsabilidades, na autonomia individual e no bem-estar.
A Igualdade de Oportunidades entre mulheres e homens é um princípio consagrado na Constituição da República Portuguesa desde a Instauração da Democracia em Portugal, em 1974. Passados 42 anos como estamos? A verdade é que, apesar dos progressos registados, os estudos e a realidade comprovam que a participação das mulheres em termos igualitários ainda está longe de ser atingida.
Esta desigualdade continua a comportar um prejuízo pessoal e social, tanto para as mulheres como para os homens, pois impede ambos de se realizarem totalmente nas diferentes dimensões da sua existência (pessoal, familiar, profissional, económica, cultural, política, social…). É uma problemática que viola os direitos humanos fundamentais e que se repercute em diferentes formas de discriminação, impedindo a realização integrada de cada um e cada uma de nós.
Desta forma, continua a ser urgente intervir para a sensibilização da Igualdade de Género. As pessoas, mulheres e homens, regem-se ainda por crenças enraizadas e estereótipos de género, acreditando que as diferenças entre os sexos são reais e verdadeiras, o que subsequentemente leva a diferenças nos processos de desenvolvimento biopsicossocial do ser humano. Esta desigualdade, muitas vezes subtil, lentifica a mudança de mentalidades, ‘consentindo-se’ uma sociedade que perpetua uma ‘igualdade desigual’. Note-se que a igualdade beneficia tanto os homens como as mulheres por possibilitar a ambos aceder a um ‘mundo’ que lhes foi vedado pelo simples facto de serem homens e mulheres, e até porque se observa que a entrada da mulher no ‘mundo do homem’ não se está a fazer com a mesma proporção que a entrada do homem no ‘mundo da mulher’ (a mulher está a entrar significativamente no universo masculino, mas o homem ainda está a entrar pouco nas esferas associadas à mulher), o que acarreta um distanciamento contínuo para ambos.
Então o que queremos alcançar daqui para a frente? Tod@s podemos dar o nosso contributo para a mudança, por muito pequeno que possa parecer. Assumirmos um papel ativo promotor do respeito por todo o ser humano passa também por compreendermos a realidade onde estamos inserid@s, mudarmos a nossa percepção acerca desta temática e agirmos no sentido de tornar esta ‘igualdade mais igual’.
"Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota”. Conheça mais através da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género: https://www.cig.gov.pt/
Feliz Dia Internacional da Mulher!
Helga Gonçalves
Psicóloga, Coach Certificada e Facilitadora de Cura Reconectiva
Psicóloga, Coach Certificada e Facilitadora de Cura Reconectiva

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